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Um encontro do Major Heráclio de Oliveira e Alfredo Mesquita Filho

  • da Redação
  • 16 de jun. de 2017
  • 4 min de leitura

Por Domingos Sávio de Oliveira


26 de julho de 1930


O Major Heráclio sempre teve uma forte atuação política e empresarial desde a proclamação da republica até os primeiros trinta anos do século XX, atuando nas regiões da Vila de Papary e Macaíba no Rio Grande do Norte e em Mamanguape no Estado da Paraíba. Possuiu engenhos nessas localidades, atuou intensamente na proclamação da republica ajudando a criar vários clubes republicanos na Paraíba e no Rio Grande do Norte, permaneceu até 1916 como membro do poder legislativo do município de Mamanguape, foi suplente de Juiz no Município de São Gonçalo do Amarante que pertencia a Macaíba em 1923/24. Porém, as questões empresarias e políticas desempenhadas pelo Major Heráclio ficam para outra crônica. Vamos avançar um pouco no tempo. Em 1930, eclodiu o movimento que deu fim à República Velha. Esse movimento ocorreu principalmente por motivos de origem político-econômica, como a fraude das eleições para a escolha do Presidente da República e o assassinato de João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque em Recife, a 26 de julho de 1930. Após o movimento, Júlio Prestes, candidato vitorioso nas eleições para presidente, foi impedido de assumir o cargo e Getúlio Vargas assumiu o poder, onde ficou na presidência por quinze anos. Durante a revolução, o Rio Grande do Norte era Governado por Juvenal Lamartine que tinha sido vice-governador de Augusto Tavares de Lyra em 1904, que segundo o Major Heráclio Jesuíno de Oliveira foi “um governo que ficou caracterizado principalmente por buscar tecnologias de combate a seca e investimentos que pudesse desenvolver a economia do estado”. Um governo, na visão do Major, voltado ao desenvolvimento. Já governo de Juvenal Lamartine, que havia tomado posse em 1928, seu governo era visto com um olhar critico pelo Major Heráclio que, segundo meu avô, “caracteriza-o pela dependência com o poder central (governo federal) e pela falta de tolerância em relação os adversários. Criando certa inquietação em uma parte da elite econômica e certa frustração em parte daqueles que o apoiara.” A partir daí, surge Café Filho, principal personagem de atuação da Revolução de 1930 no Rio Grande do Norte. Mais tarde, Café Filho foi perseguido e fugiu para a Paraíba, onde fez parte de um movimento idealizado pela "Aliança Liberal", que defendia Getúlio Vargas na presidência e João Pessoa como vice, candidatos de oposição ao governo da época. No estado do Rio Grande do Norte, esses candidatos foram derrotados. Acredita-se que o apoio do governador Juvenal Lamartine ao paulista Júlio Prestes tenha contribuído para essa derrota. Com a Revolução de 1930, o governador abandonou o Rio Grande do Norte, em cinco de outubro de 1930, assumindo em seu lugar uma junta governativa de três pessoas (Luís Tavares Guerreiro, Abelardo Torres da Silva e o Júlio Perouse Pontes), que ficou no poder durante uma semana (6 a 12 de outubro de 1930). Essa, porem, é outra História. O fato que nos interessa agora e o 26 de julho de 1930, em Utinga, quando a notícia chega através de uma mensagem trazida por um amigo comum do Major Heráclio Jesuíno de Oliveira e do comerciante e político Alfredo Mesquita Filho, herdeiro e filho do seu amigo Alfredo Mesquita, mesmo já começando a sentir os efeitos de um câncer de próstata que o levara a óbito poucos meses depois, em 24 de setembro, não pensou duas vezes, imediatamente chamou meu avô, “Celso, precisamos ir a Macaíba urgente, João Pessoa foi morto, isto terá implicações aqui e no Brasil”, seguem direto para o casarão que o Major mantinha na Rua da Cruz, no centro de Macaíba.


Chegam já tarde da noite e com o café a mesa aguardam a chegada de Alfredo Mesquita Filho, que chega acompanhado de mais dois amigos que já não recordo aqui os nomes - afinal quando ouvi essa historia narrada pelo meu avô eu tinha pouco mais de dez anos de idade. E, naquela noite, a conversa se prolonga até altas horas, tendo como ponto central a morte de João Pessoal e as implicações na eleição presidencial. Segundo relatava meu avô, Celso Lyra de Oliveira, o Major Heráclito acreditava e fazia essa analise para seu amigo Alfredo Mesquita Filho, fosse qual fosse as implicações da morte de João Pessoa dentro do contexto nacional, aqui no Rio Grande do Norte era urgente e necessário um governo que não fosse tão submisso aos interesses do centro-sul e que colocasse o Rio Grande do Norte em um novo ciclo de desenvolvimento e resgatasse o papel de Macaíba no cenário estadual, que ela havia perdido no governo de Juvenal Lamartine. O Major Heráclio Jesuíno de Oliveira não viveu muito tempo para ver as implicações da morte de João Pessoa e a consequente revolução de 1930 no Rio Grande do Norte. Nem para ver a chegada do seu amigo Alfredo Mesquita Filho a cadeira de prefeito de Macaíba, em 24 de setembro de 1930, o Major falece no engenho Utinga e está enterrado do cemitério de Macaíba.


Foto: Cassarão "Véu de Noiva", do Major Heráclio Jesuíno de Oliveira, na rua da Cruz, no centro de Macaíba. Fonte: Instituto Tavares de Lyra

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