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Major Heráclio Jesuíno de Oliveira o Republicano

  • da Redação
  • 9 de jun. de 2017
  • 3 min de leitura

Por Domingos Sávio de Oliveira*

Estamos em uma daquelas tardes quentes do mês de setembro, o ano é 1976. Acredito que estou no antigo 5º ano ginasial, estava sentado à mesa na casa do meu avô Celso Lyra de Oliveira, a pauta do dia girava em torno da minha aula de história do Brasil que acabara de ocorrer logo pela manhã na Escola Estadual Winston Churchill, que teve como conteúdo a proclamação da republica.


Foto: Major Heráclio Jesuíno de Oliveira Sales. Nasceu em 01/11/1866 e faleceu em 24/09/1930. Está sepultado no cemitério público de Macaíba. Acervo familiar.


Lembro que logo que começo a debater com meu avô o tema, principalmente entorno dos argumentos levantados a época tanto a favor, quanto contra a republica, sou interrompido antes de terminar a tese esboçada, “é, meu neto, tivemos um intenso movimento republicano no Rio Grande do Norte, movimento que mobilizou uma grande parte dos intelectuais e da elite econômica do citado período”. Parei, dei aquela pausa, respirei e pensei: ah, teremos uma aula daquelas que não encontramos nos Livros. De forma breve argumentava meu avó “A passagem da monarquia para a República não foi um ato isolado, uma quartelada promovida por militares insatisfeitos. As décadas anteriores ao ato de proclamação foram precedidas de intensa mobilização política, a chamada propaganda republicana. Em 1889, uma nova geração de políticos subiu ao poder, com formação fortemente marcada pelo evolucionismo, pelo cientificismo, pelo positivismo, pela maçonaria, e com um projeto de colocar o país no caminho do progresso.”. Atento passo a ouvir e a viajar na história, e meu avô começa a narra o papel de intectuais como: Augusto Tavares de Lyra, Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, e parte da elite econômica da época como: Luiz Roque de Albuquerque Maranhão, Joaquim Ribeiro Dantas, João Ferreira de Mesquita... E seu Pai e meu bisavô o Major Heraclío Jesuíno de Oliveira, que ajudou organizou em varias vilas tanto no Rio Grande do Norte como na Paraíba principalmente em Mamanguape, Rio Tinto e Água Fria onde também tinha terras; de forma apaixonada meu avô começa a narrar como o Major argumentava a favor da republica e como o regime imperial estava esgotado, segundo o Major “Apenas um sistema de educação livre do controle religioso, laico, uma legislação favorável à descentralização das províncias e municípios, possibilitara inserir o Nordeste e o Rio Grande do Norte em um novo ciclo econômico de exportação e importação, libertando-o do jugo da monarquia e apenas assim ganharemos espaço no livre-comércio, é mais que vital fortalecer a Republica através dos clubes municipais republicanos para que o regime não venha a ser uma mera quimera uma ficção”. A instauração da República, em 1889, pondo fim ao centralismo monárquico inaugurou uma nova fase na política nacional que permitirá às frações regionais das classes dominantes uma maior autonomia na condução dos negócios referentes à direção dos aparelhos regional de Estado (os governos de Estado). Isto interessava, sobretudo, à burguesia comercial e à classe dos grandes proprietários rurais que, produziam para os mercados externo e interno. Ficava claro para mim, que partindo dos relatos do meu avô posso enquadra o Major Heráclio de Oliveira no que chamaríamos de um liberal conservador. Hoje muitos anos depois desenvolvendo minhas pesquisas encontro indícios que confirmam esse caráter republicano do Major, através de uma ata de criação do Clube republicano da Vila de Papary, em 30 de março de 1890, conforme registra a Gazeta de Natal do referido ano, conforme consta na ata; destacamos ainda a presença nesta reunião de Lindolfo Sales irmão do Meu Bisavô e do seu pai Antônio Ramires de Moura e Oliveira eleito para a direção do Clube Republicano. A nosso ver, a trajetória do Major Heráclio Jesuíno de Oliveira, em particular após a Proclamação da República, traduziu o comprometimento cada vez mais íntimo com os interesses e a perspectiva de classe dos grandes proprietários rurais e da burguesia comercial, teve uma forte atuação econômica e política nos municípios de Macaíba no Rio Grande do Norte e em Mamanguape na Paraíba onde foi produtor de açúcar, algodão, arroz, leite e carne. Foi conselheiro municipal no município de Mamanguape de 1904 a 1918, foi nomeado suplente de juiz federal na comarca de São Gonçalo do Amarante no Rio grande do Norte em 1923. Em Macaíba tinha uma forte atuação como produtor e homem de negocio, ajudou a construir com outros produtores da região a estrada que ligava Utinga a Macaíba, Utinga a São Gonçalo conforme podemos constatar nos balanços do anuário do presidente do Estado em 1924. Foi um dos comandantes das forças de segurança da região. Deixo um pouco nessa pequena crônica da contribuição do Major Heráclio Jesuíno de Oliveira na política e na economia da Paraíba e o Rio Grande do Norte.

*Professor, escritor, mestre em ciências sociais e bisneto do Major Heráclio Jesuino de Oliveira senhor do engenho Utinga


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