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O velho relógio de parede da Utinga

  • da Redação
  • 29 de mai. de 2017
  • 2 min de leitura

Por Domingos Sávio de Oliveira


Mario Quintana tem uma frase que acho simplesmente genial, “eu tenho certeza que o passado não reconhece seu lugar, ele sempre esta presente”. A relação com o tempo sempre foi algo que me fascinou, sempre imaginava como seria a possibilidade de viajar no tempo ou simplesmente ter a capacidade de fazer o tempo parar.


Quando criança, lembro que na casa do meu avô Celso Lyra de Oliveira tinha um relógio de parede que veio da Utinga e que pertenceu ao meu bisavô Major Heraclío de Oliveira, um relógio que tinha mais de 120 anos, eu achava maravilhosas aquelas badaladas de hora em hora, principalmente a meia noite no silencio da madrugada dando um ar solene e misterioso àquela badalada noturna.


Recordo que o relógio tinha que estar bem aprumado na parede, qualquer desnível na parede ele começava há atrasar um pouco. Para evitar que isso ocorresse, meu avô fez uma marca de caneta na parede indicando onde sempre o relógio deveria ficar alinhado.


Quando, por algum motivo, meu avô esquecia de dar corda no relógio ele parava. Na minha imaginação de criança, era como se naquele exato momento o tempo parasse. Meu avô vinha e empurrava o pendulo para a direita e girava uma grande chave que fazia o relógio voltar a funcionar. Na mente criativa de uma criança, eu, ali no meu canto a observar aquela cena maravilhosa, onde meu avô era o senhor todo poderoso do tempo, acreditava que se ele empurrasse o pendulo para a esquerda e girasse a chave no mesmo sentido, o tempo voltaria e viajaríamos no passado.


Hoje, mais de quarenta anos depois, resolvi falar um pouco daquele velho relógio de parede que faz parte da minha historia e de toda a nossa família, principalmente por ter me permitido viaja no tempo de forma tão criativa. Relógio este que foi testemunha de momentos felizes vividos por todos na casa da Avenida Alexandrino de Alencar. Esse relógio está hoje na casa do meu tio caçula, Mario Maciel. Continua a badalar e marcar o tempo ao longo de mais de 160 anos.


Finalizo reverenciando o velho relógio de parede que veio do engenho Utinga com um trecho de uma bela música de Kleiton e Kledir Ramil: “O relógio move o tempo e faz bater meu coração num compasso diferente a cada nova estação. Mas aí, por um momento, sempre vem um pensamento Que me leva a outro lugar Saio do tempo presente E viajo simplesmente Só de relembrar”.



Foto: Ilustração

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