EDITORIAL - Guerra no Planalto
- por Raphael Luiz
- 29 de mai. de 2017
- 2 min de leitura

Primeiramente, Fora Temer.
Foi com balas de borracha e bombas de efeito moral que Temer recebeu os trabalhadores das maiores centrais sindicais do país, na última quarta-feira (24), em Brasília. O recado do presidente foi dado pelas tropas militares que impediram, através da força, que os manifestantes chegassem ao Congresso Nacional.
O ato político começou de forma pacífica pelas ruas do Distrito Federal. Quem via as centenas de ônibus parados ao redor do estádio Mané Garrincha não imaginava o cenário de guerra que a Esplanada dos Ministérios iria se tornar em poucas horas. Em marcha com direção ao congresso, os manifestantes foram barrados por grades de ferro e pela barreira policial. Começava ali o confronto.
Primeiro veio o gás de pimenta. Centenas de pessoas corriam para se proteger do gás que queimava os olhos, a garganta e impedia a respiração. Mulheres, idosos e crianças corriam para se protegeram da nuvem de gás que se espalhava na direção da população. Depois vieram as bombas de efeito moral e as balas de borracha.
A população reagiu. Mascarados para proteger do gás, manifestantes determinados ao confronto montaram uma barreira com banheiros químicos e reagiram armados com paus e pedras. Em seguida começou a depredação dos ministérios. Revoltados, pessoas quebravam as vidraças e faziam fogueiras ao redor dos prédios. Estava instaurada a guerra.
Os militares foram para cima. Um dos carros de som da manifestação anunciava, uma pessoa havia sido atingida com um tiro de arma de fogo, disparada pela polícia. Bombas de efeito moral voavam pelos céus da Esplanada. Pessoas passavam mal e precisavam de atendimento devido á grande nuvem de gás de pimenta no ar. Dois helicópteros sobrevoavam a multidão, como numa operação de guerra, auxiliando a polícia a dispersar os manifestantes.
A população fugia dos militares. Mesmo depois de dispersar a multidão, a polícia continuava a agir com violência. Pessoas relatavam terem sido cercadas pela polícia na rodoviária da cidade. A cavalaria da PM entrava em ação para expulsar os que ainda reagiam à violência da Polícia. Homens da Força Nacional cercavam a catedral do Distrito Federal.
Eram cerca de 17h da tarde quando a maioria da população já tinha sido expulsa da Esplanada. Outro ato que estava marcado para começar as 19h não tinha mais condições de acontecer. Foi com as forças armadas que Temer mandou seu recado para os trabalhadores do Brasil. Usou contra a própria população, forças que deveriam proteger o país contra ataques de inimigos estrangeiros. Temer encerrou a manifestação com a força dos militares, assim como se fazia durante a ditadura militar.
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