Ligia Silva - Mãe, abrace seu filho LGBT enquanto há tempo
- por Ligia Silva
- 14 de mai. de 2017
- 3 min de leitura
Por Ligia Silva
O dia das Mães é celebrado em diversas partes do mundo. No Brasil, esse dia é sempre no segundo domingo de maio. Cheio de comemorações, família reunida, presentes, mas infelizmente essa realidade não é a mesma realidade de muitos filhos LGBTs que vão estar longe de suas mães pois elas lhe viraram as costas.
É difícil entender o mundo de uma mãe, principalmente quando você não é uma. Mas não é difícil imaginar os planos que uma Mãe faz para o seu filho quando ele está em seu ventre. Com o tempo, nós entendemos que as mães querem sempre o nosso melhor para seus filhos. Querem nós proteger do mundo, e muitas vezes tomam decisões por nós que nem sempre elas podem tomar. Somos, muitas vezes, aquilo que elas não querem aceitar.
No caso de um filho LGBT, el@ é o que é. Ninguém vira lésbica, gay ou travesti, ninguém virá transexual. Uma mãe conhece o filho como a palma da mão. Ela sabe que seu filho é assim, só não aceita. Não aceita por medo da religião, não aceita por medo da sociedade que ainda é conservadora, não aceita por que não foi esse seu plano para o seu filho. A frustração, muitas vezes, parece ser maior que o amor e, por causa disso, filhos são abandonados.
Querida Mamãe, eu sei que é difícil, é um turbilhão de emoções. Só queria dizer que seu filho não precisa de sua aceitação, ele precisa de seu amor incondicional de Mãe. Precisa daquela comida gostosa, daquele abraço materno, do seu apoio e seu conselho. Aquele amor morreu quando seu filho assumiu a sua sexualidade ou ainda está aí escondido em algum lugar?
A cada 28 horas uma pessoa LGBT morre no Brasil. Em 2016 foram 316 mortes, segundo a Ong Grupo Gay da Bahia (GGB), e os números podem ser maiores. Porém, quando uma Mãe não abraça um filho, o mundo abraça. Drogas, prostituição, abusos sexuais e morte, isso é o abraço que muitos LGBTs recebem do mundo, quando quem deveria lhe abraçar vira as costas.
Mãe, ainda é tempo de abraçar seu filho. Ainda é tempo de descobrir seu mundo, de dialogar amar sem exigir do outro o que você queria que ele fosse. Ainda dá tempo de ver as conquistas de seu filho Gay. De dar uma direção quando ele se sentir perdido. Querida mamãe, ainda dá tempo de amar a sua filha travesti. De falar pra ela, "você pode ser o que quiser. Uma médica, juíza, uma professora". Dá tempo de abraçar sua filha lésbica e dizer que você quer conhecer a namorada dela, que ela pode ir almoçar na sua casa.
Mãe abrace seu filho antes que esse mundo o mate da forma mais cruel e perversa. Antes que você se arrependa de não ter dado o amor merecido. Antes de você esquecer que ele saiu de dentro de você.

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