Bruno Marinho: Bolsoneca, o mito da asneira
- por Bruno Marinho
- 10 de abr. de 2017
- 3 min de leitura
Precisamos ter paciência, inquietude, insatisfação e conhecimento.
Por que inicio afirmando isso? Há certas situações na vida que o tempo irá mostrar a realidade. Essa realidade nos causará inquietude quando abraçamos o conhecimento. Obviamente esse conhecimento será consequência de leituras e informações quando bem selecionadas.
Pois bem, o assunto da vez é Jair Bolsonaro. Dentre tantas asneiras que ele proclama, abraçando preconceitos, intolerâncias, soberbas e egoísmos, dessa vez ele fez um discurso indefensável. Ao escutar e ler suas frases fica a certeza de inúmeras incoerências e burrices. Mas o que tem haver a fala de Jair com nosso cotidiano? A vida do potiguar? A vida do macaibense?

Vamos a uma das suas falas mais assustadoras dos últimos dias: “Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou quilombola. Com parcerias, nós vamos resgatar esse Brasil”.
Outra frase, talvez a mais asquerosa: “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais”.
Esmiuçando cada elemento dessa frase, devemos observar e relembrar o que aprendemos (ou deveríamos aprender) estudando História.
Os indígenas já habitavam o território brasileiro antes da chegada dos europeus. A partir desse contato entre culturas, o europeu conceituou e determinou que a sua cultura era superior à dos nativos. Percebam que essa ideia de superioridade faz com que o europeu queira civilizar o indígena e usá-lo em favor dos seus interesses. A partir daí ocorre uma série de ações que vão dizimando a população indígena, de doenças à escravidão. E ao falar em escravidão, devemos claramente lembrar que a maior parte da mão-de-obra nos séculos passados, no Brasil, foi a escravidão negra, sustentando a economia.
Com o tempo, o contato e as relações sociais entre europeus, indígenas e negros, constituíram a formação da sociedade brasileira. Então, Jair peca em dizer que irá “resgatar esse Brasil”, visto que os indígenas e negros sempre sofreram com preconceitos e barreiras para se desenvolverem na sociedade. E não há nada que possa ser resgatado, pois não se deve tirar o pouco que eles conseguiram com muita luta, após terem sofrido tantas perseguições. Que ironia! Os índios, antes donos dessas terras, agora possuem tão pouco para ocupar e poder fazer sobreviver sua cultura.
A segunda frase do patético deputado dispensa comentários, caros leitores. Primeiro, Jair não quer deixar centímetro algum para a sobrevivência da cultura indígena e negra em locais estabelecidos pela Constituição Federal. Segundo, trata o afrodescendente com palavras destinadas a animais, como se o negro fosse um animal que nem serve para procriar, enfatizando esse pensamento ao usar um tipo de medida de massa de animais, como o boi.
Por fim, vale lembrar que em Macaíba existe a Comunidade Quilombola de Capoeiras, assim como também existe, no RN, reserva indígena, em Baia Formosa. Agora façamos a reflexão...
É esse o político que representa seus ideais? É esse o político que está preparado para representar toda uma sociedade brasileira e heterogênea? É esse o político que denominam de mito? Quem o segue, quem vota em Jair, quem abraça suas ideologias, abraça também pensamentos simplistas, preconceituosos, asquerosos e o pior... Perigosos! Suas posições, dia após dia, deixam claro o perigo que ele é para a sociedade brasileira. Não traz frases de paz, apenas de violência. Não traz discursos de desenvolvimento, apenas de regressão. Não traz discursos de democracia, apenas de repressão. Esse é o mito da asneira!
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