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Colunas - Costinha: Guerra à Santa

  • por Prof. Costinha
  • 12 de dez. de 2016
  • 3 min de leitura

A festa de Nossa Senhora da Conceição é um dos eventos mais importante do calendário da cidade. Durante o ano inteiro, a cidade é um tédio cruel, não há um acontecimento que sacuda as pessoas na cidade, mas nas primeiras semanas de Dezembro, Macaíba sacode a poeira e o bolor das costas de sua vida centenária história e anima-se para a festa religiosa.

É uma daquelas festas típicas como qualquer interior brasileiro: Novenas, barracas e shows. O sagrado e o profano misturados de forma harmoniosa como bem sabem fazer os santos e os pecadores. Em Macaíba, as festividades a Conceição fogem ao comum dos outros lugares.

No ano passado, uma mulher vizinha da igreja acionou a justiça para proibir a festa por motivos de saúde, vaidade e intriga religiosa já que era evangélica. Foi uma reboliço sem tamanho. Nesse ano um homem ameaçou a explodir um carro durante a procissão da santa. Foi procurado como terrorista, preso e medicado. Depois solto pela justiça. Mas esses acontecimentos são fichinhas diante de outros, não é primeira fez que isso acontece na festa da Santa....

No ano de 2004, o culto cristão iria acontecer no maior parque de vaquejada da cidade. Alguns devotos tradicionais protestavam com a missa naquele local de perdição e prostituição. Mas, o jovem padre deu o voto de Minerva para a realização da missa. E pronto, o fato consumado.

Num domingo ensolarado e quente nas primeiras horas, num dia em que as andorinhas voam fazendo verão e pirraça sobre nossas cabeças, o cortejo saiu em busca do parque. A santa em cima do andor, cuidadosamente ornamentada de flores e coroinhas e anjos da guarda. O diabo estava se preparando para o bote profano no seu circo de festa. Na chegada, tudo preparado: carro de som, centenas de fieis, políticos e outras categorias locais.

O carro-santuário estacionou, um calor dos quintos de dezembro subiu dando a sensação de que aquilo era lugar do dito cujo. Um diácono leão de chácara retirou a santa e a autoridade maior da cidade, sem permissão beijou a cabeça e os pés, em seguida fez o sinal da cruz e aquietou-se compenetrado. As diabruras do capeta começavam a se revelar. A platéia assistia a cena esperando o resultado do Bem contra o Mal. Refeito da ousadia, o diácono conduziu a virgem até ao andor que esperava conduzir a santa em terra de devassidão. E assim foi colocada cuidadosamente sobre a base de madeira, coberta com a bandeira da igreja. Quatro senhores devotos tomaram posições para conduzir a sagrada imagem até o local onde aconteceria a missa.

No andor, entre arranjos de flores, a santa esperava pacientemente a vontade dos homens. Com seu olhar, a dona da festa parecia pouco a vontade entre os homens adoradores, por vezes quase poderia ser confundida com um orixá feminino do candomblé.

O andor foi erguido por uma ordem sacerdotal, mas sem o devido cuidado e maestria dos seus quatros homens. As leis da física e as leis divinas nem sempre se combinam. Na altura dos ombros dos condutores, o sagrado tombou em território profano e a imagem sagrada foi junto com o tombamento histórico. O ícone desabou das alturas diante de uma multidão silenciosa. O tempo pareceu congelar-se naquele calor. Um milagre as avessas. Pedaços da padroeira por todos os lados para quem quisesse levar para casa e se inteirar da fé quer seja no sagrado ou profano. Uma parte do manto alojou-se nos pés de mestre Ugolino que falou: Deus de Misericórdia, não há desagravo santo maior do que isso. Pior desgraça do que o beijo de Judas em Jesus. Assistindo a todo o espetáculo de lamentações, lágrimas e sussurros que mais lembrava uma cena infernal, o padre tomou o microfone e puxou uma Salve Rainha. É isso mesmo, festa de padroeira é igual e todos os interiores do Brasil. Aqui em Macaíba tinha que ser diferente para deus ou o diabo.


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