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Colunas - Ligia Silva: A Mulher Potiguar Quer Viver

  • por Ligia Silva
  • 6 de dez. de 2016
  • 2 min de leitura


Por mais que eu use palavras para descrever minha insatisfação com o cenário atual que vive o estado do Rio grande do Norte, isso não seriam suficientes. Os textos podem soar repetitivos, mas é preciso bater na mesma tecla. Isso tem que parar.


O Machismo e a naturalização da violência é tão grande que ficamos estáticos. A violência contra a mulher no Rio grande do norte cresceu assustadoramente. Em 2015, foram cerca de 70 casos de mulheres mortas nas mãos dos seus companheiros, namorados ou até mesmo maridos. Casos de estupro aumentaram cerca de 70% em 2015, quais foram às medidas tomadas contra isso? Discussões e discussões sem efeito algum.


Procuramos culpados. Temos leis como a lei Maria da penha, a lei do Feminicídio e medidas protetivas que, pelo menos aqui no Rio grande do norte, não tem surtido efeito algum. Homens continuam matando suas mulheres, mesmo proibidos por lei de chegar perto delas. Então vamos ao ponto, a culpa é do Machismo e ele precisa urgentemente ser desconstruído antes que mate mais mulheres.


O homem potiguar em sua maioria ainda é muito machista. O homem potiguar ainda tem dificuldade de aceitar que as mulheres hoje podem entrar e sair de um relacionamento com independência financeira, independência sexual e tudo que envolve emponderamento feminino soa ofensivo. Num contexto histórico, o homem potiguar é acostumado a mandar e nunca ser questionado.


Só que as mulheres potiguares estão ousando questionar e estão pagando com a própria vida. A cultura religiosa, muito forte no RN, criou um imaginário popular que em nome de um casamento é preciso engolir agressões, abusos, traições. Podemos ver isso em casamentos mais antigos. A mulher potiguar sempre aguentou isso calada, porém as coisas não são mais como a cinquenta anos atrás, a mulher potiguar mudou assim como todas as mulheres do mundo.


Perder esse poder de controle para alguns homens é desesperador. Como assim ela terminou comigo? Como assim ela me denunciou? Como assim ela está com outro e não comigo? O resultado dessas perguntas doentias é a morte de mulheres no auge de suas vidas. O resultado disso são filhos com mães mortas e pais presos.


Nós mulheres potiguares queremos viver. É estanho pedir para viver. Não sabemos se vamos morrer na mão de um companheiro ou de um estuprador. Não sabemos se vamos ter um braço quebrado por dizer um não na balada ou vamos ser mortas por conta de uma moto cobiçada por um ladrão. Nós não sabemos de nada, mas sabemos que ser mulher e viver no Rio grande do Norte é um desafio.


Ou essa cultura do machismo muda, ou continuaremos morrendo. É preciso desconstruir o machismo. É preciso aceitar que as mulheres potiguares não são as mesmas mulheres do tempo do coronelismo. É preciso que as mães e os pais conversem com seus filhos sobre isso e, principalmente, não achem normal a forma agressiva que seu filhos tratam as suas namoradas e esposas.


Ou a sociedade se une, muda conceitos, ou continuaremos perdendo nossas mulheres filhas, mães, esposas. Nessa onda de violência contra mulher, todos saem perdendo. São vidas e famílias despedaçadas por um câncer chamado machismo. Continuaremos a morrer com esse câncer ou escolhemos viver sem ele ? Eu quero viver , eu escolho viver. A mulher potiguar quer viver.



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